O futuro da medicina de precisão: biossensor realiza análise por meio do suor

Atualmente, o monitoramento metabólico para a medicina de precisão (área que fornece informações cruciais para intervenções personalizadas de saúde) geralmente depende de análises estáticas de fluidos como sangue ou urina. No entanto, essas abordagens apresentam desafios para a análise metabólica dinâmica, que é essencial para rastrear alterações fisiológicas temporárias. Os biossensores vestíveis buscam superar essa limitação, usando o suor como um fluido biológico que tem destaque devido à sua abundância química e facilidade de coleta (Figura 1). 


Figura 1: Biossensor nanoplasmótico.
Fonte: Jeon, J., Lee, S., Chae, S. et al., 2025.

Pesquisadores do Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia da Coreia (KAIST) apresentaram um dispositivo vestível que une nanotecnologia e saúde preventiva, chamado de biossensor nano-plasmônico cronoepifluídico (CEP-SERS). Trata-se de um adesivo flexível que coleta e analisa suor humano em tempo real, sem necessidade de reagentes ou processos invasivos.

Com a engenharia de nanosuperfícies, o adesivo consegue realizar análises com altíssima sensibilidade, sem precisar de enzimas ou anticorpos que limitam os sensores tradicionais. A qualidade da nanoestrutura garante também estabilidade mecânica e química: mesmo após dobrar, torcer ou expor a variações de pH, o desempenho do biossensor permanece confiável. Essa durabilidade é essencial para que o dispositivo acompanhe o corpo durante atividades físicas intensas ou situações cotidianas.

Além da camada plasmônica, o biossensor conta com microcanais epifluídicos que organizam o suor em câmaras cronológicas, permitindo acompanhar mudanças metabólicas minuto a minuto. Essa coleta sequencial é fundamental para observar como substâncias como lactato, ácido úrico e tirosina variam após exercícios ou refeições, oferecendo um retrato dinâmico do metabolismo humano. Para interpretar os dados, os pesquisadores integraram algoritmos de aprendizado de máquina, que processam os sinais Raman e quantificam as moléculas com precisão comparável a exames laboratoriais.

Na prática, essa combinação abre novas fronteiras na saúde e pode auxiliar a medicina personalizada, detectando alterações metabólicas sutis ligadas a doenças como gota, síndrome metabólica e estresse. Também tem aplicações promissoras em esportes de alto rendimento, ao monitorar o esforço em tempo real e em nutrição individualizada, avaliando como cada organismo reage a diferentes alimentos.

Segundo os autores, o CEP-SERS inaugura um novo avanço para exames não invasivos: transformar o suor em uma “janela bioquímica” do corpo humano. Ao explorar o poder da nanotecnologia para amplificar sinais invisíveis, o adesivo mostra que a saúde do futuro pode estar em sensores transparentes, discretos e colados diretamente na pele. 

Para mais informações, consulte o artigo original: https://doi.org/10.1038/s41467-025-63510-2

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